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Cravo ao peito

por Mariana, em 11.11.11

Tinha o braço estendido, o punho cerrado e marchava ao som dos gritos de protesto. Estava claramente insatisfeito. Da sua boca saiam gritos, frases próprias de uma pessoa revoltada. Tinha um cravo ao peito a fazer relembrar as pessoas que o observavam com cara de repreensão que aquele era um direito que tinha sido conquistado e que era dele naturalmente. Não estava contente e estava ali a lutar pelo que queria.

Mas começou a ouvir coisas: na televisão, na rádio, nos cafés... Começou a fechar a boca lentamente e a relaxar os punhos. Baixou os braços e parou a sua marcha. Comecou a ficar com medo do que poderia acontecer se falasse e das pessoas que dantes o olhavam com caras de repreensão enquanto manifestava. Parou de dizer o que pensava. Ficou até com medo de ter certos pensamentos. Começou a andar de cabeça baixa, tentando passar despercebido no meio da multidão. E o cravo que tinha ao peito caiu e foi esmagado pelo seu próprio pé enquanto dava mais um monótono e repetitivo passo e selava a sua mente e o seu destino.

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