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Equívoco

por Mariana, em 25.08.11

O Sr João era um homem muito respeitado na aldeia onde vivia há cerca de vinte anos. Todas as manhãs ele tomava o pequeno-almoço no café principal da aldeia e lia o jornal. As pessoas estavam hhabituadas a vê-lo vestido impecavelmente com os óculos no bolso da camisa e a barba cuidadosamente aparada enquanto analisava enquanto analisava atentamente o jornal. Também era comum vê-lo a responder às várias pergunatas que lhe faziam. No fundo ele era uma espécie de sábio para os aldeãos. 

Mas havia uma coisa sobre a qual não falava: o seu passado e a sua vida pessoal. As velhas costumavam juntar-se para discutir este aspecto: "Será viúvo?" perguntava uma; "Talvez solteiro...", dizia outra; "Esteve emigrado e voltou de França..." jurava a última a pés juntos. Mas a verdade nunca foi confirmada e as discussões continuaram... Apesar desta lacuna o Sr João era sem dúvida um dos homens mais respeitados na aldeia.

Até aquela fatídica manhã de segunda-feira, quando a D. Teresa mulher do capitão da GNR da aldeia, entrar no café onde todos tomavam o seu pequeno almoço para contar a terrivel novidade: o Sr João tinha sido preso na noite anterior porque era suspeito da morte de uma misteriosa mulher.

Rapidamente o burburinho no café cresceu e todos opinavam em relação ao que acabavam de ouvir. A D. Joana, que no dia anterior perguntara ao Sr João como controlar o seu orçamento familiar, garantia que nunca confiar nele. A D. Fátima dizia mesmo que sempre o achara perigoso e o Sr António, dono do bar, que todos os dias lhe vendia o jornal e servia o café garantia para quem o quisesse ouvir que um homem que se veste assim, com todos os conhecimentos que tinha, a viver numa aldeia daquelas ou não era normal ou tinha algo a esconder.

O homem da D. Teresa contou-lhe mais tarde que a mulher encontrada morta era uma amiga do Sr João de há muitos anos. A D. Teresa, zelosa do seu dever, correu a contar os novos desenvolvimentos da históriano café e muito se conspirou sobre o motivo e o modo como ele a tinha assassinado.

O Sr João acabou por sair em liberdade e foi preso um homem na sua vez. Mas, apesar de ter sido dado como inocente, a aldeia não o absolveu do crime que não cometera e todos o olhavam de lado ou atravessavam a rua para não se cruzarem com ele ao fim de muitos anos. Nunca mais se lembraram dos conselhos que dava ou dos esclarecimentos sobre a actualidade que fazia. 

E ele aprendeu que se pode passar de amado a odiado e de bestial a besta num segundo.

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